Uma nova agenda para o poder local
Poder Local para o Séc. XXI
Hoje em dia é relativamente unânime afirmar que existe um crescente descontentamento dos cidadãos com a democracia, traduzido em fenómenos de alheamento político, sentimento de falta de transparência no regime democrático e perda de confiança nos partidos políticos, nos órgãos de soberania e em quem exerce o poder. É verdade que, numa sociedade cada vez mais complexa, vários são os fatores que contribuem para essa situação. A JS não ignora o alheamento da população, principalmente dos mais jovens, em relação à política, aos políticos e aos partidos, mas queremos mudar a forma como o cidadão vê a política e também como a política se vê e fala de si mesma.
É num contexto de necessidade de desenvolver uma nova forma de estar e de fazer política que o poder local tem uma importância redobrada. Por ser a primeira linha de contacto direto entre eleitos e eleitores, é também o meio mais imediato de recuperar a frágil relação de confiança hoje existente. Transparência, incentivo à participação dos cidadãos e prestação de contas dos eleitos têm de ser três dos vetores fundamentais numa nova forma de exercer o poder público.
É também neste contexto que uma nova agenda para o poder local tem de ter em conta a utilização das novas tecnologias, num contexto de permanente modernização. Os novos tempos pedem que os debates, as intervenções, as decisões dos órgãos locais e, em geral, todo o tipo de documentos em que se traduz a atividade dos órgãos do poder local democrático sejam verdadeiramente públicos e acessíveis às populações.
Mais do que isso, a atual realidade exige que os serviços públicos sejam eficientes e acessíveis, que os procedimentos sejam desmaterializados e que os instrumentos de controlo do poder e de participação sejam novos, que permitam o pleno exercício de uma cidadania ativa, incentivando os cidadãos a apresentarem os seus contributos e as suas propostas e permitindo que estes decidam verdadeiramente sobre as opções que devem ser tomadas. Contudo, esses mecanismos devem ser complementares e não substitutos das instituições representativas, criando assim uma nova dinâmica política e uma renovada cultura democrática - mais próximas da sociedade civil e envolvendo diretamente os cidadãos, as associações e entidades locais.
Uma nova forma de exercer o poder local tem também de garantir que as competências são dadas a quem tem mais capacidade para as executar. Nesse sentido, a descentralização de competências do Estado central para os municípios e destes para as freguesias assume particular importância. Esta legitima-se no princípio da subsidiariedade, onde se sustenta que um determinado serviço público deve ser prestado pela entidade mais capaz, mais eficiente e mais próxima do cidadão, para que haja mais eficácia na gestão dos recursos, na configuração de oportunidades de geração de valor e riqueza e maior proximidade de escrutínio democrático face às decisões que importam às comunidades.
Só assim se garante que os municípios possam ter um papel crescente na promoção do seu desenvolvimento económico, social e territorial sendo, contudo, necessário que nunca seja posto em causa a natureza pública das políticas nem a universalidade e igualdade no acesso ao serviço público.
Um conjunto de propostas políticas que garantam o acima exposto são: